TDAH e Interdisciplinaridade - Dr. Mauro Muszkat

Introdução

Existem alguns transtornos e doenças que se tornaram paradigmáticos no caminho da compreensão de como o cérebro processa os fenômenos, desde o nível sensorial até o comportamental, como se articula a interface mente/cérebro/ambiente e em que medida os processos cerebrais determinam condições que dialogam com as fronteiras do molecular ao social.
Entre esses transtornos, a epilepsia, considerada por Penfield como uma janela para o cérebro; o autismo, elucidando os mecanismo do cérebro social e do compartilhamento das emoções; e o TDAH, pela sua dimensão sintomatológica e social ampla, abriram um campo intenso de conhecimentos que ampliaram a nossa visão da neurociência para além dos limites da prática dos laboratórios e dos consultórios médicos para ser o palco de intensos debates na mídia e na sociedade. Estudar tais transtornos, a vida e a história das pessoas afetadas, como em um único caso da epilepsia, o paciente HM, cuja manifestação clínica ocorreu após lobectomia, e o incansável trabalho científico e humano de sua neuropsicóloga Brenda Milner foram determinantes para o que conhecemos hoje do papel do hipocampo na memória. Conhecer as modificações dos sintomas no curso do desenvolvimento ontogenético e as possibilidades de novos trajetos neurofuncionais, de mudanças no imageamento do cérebro, das alterações dos neurotransmissores e neuromoduladores, das características neuropsicológicas mediante intervenções medicamentosas, psicoeducativas ou sociais nestas doenças nos possibilitam compreender melhor os limites e as fronteiras dos novos pilares da ciência: a plasticidade do cérebro, entendida como a capacidade de o cérebro ser esculpido pela própria experiência, e a epigenética, ampliando os conceitos da modulação pelo ambiente da expressão de fatores gênicos, antes considerados estruturais e rígidos. 
Neste sentido, pela sua grande prevalência, em estimativas conservadoras, situadas entre 3 e 7% das crianças, pela frequente associação de comorbidades psiquiátricas, das dificuldades de aprendizagem de impacto psicossocial, como o fracasso e abandono escolar, o abuso de drogas, acidentes automobilísticos, gravidez precoce de adolescentes, entre outros, o TDAH pode ser considerado como um dos principais transtornos que atualmente nos iluminam acerca dos limites que nos dimensionam a complexa interface mente/cérebro/ambiente. Dada a grande heterogeneidade nas manifestações sintomatológicas, neuropsicológicas, psiquiátricas, ou mesmo na apresentação clínica, nos vários subtipos, ou endofenótipos, o TDAH nos coloca frente a desafios interdisciplinares prementes de ações não apenas médicas, mas também psicossociais, educacionais e de saúde pública, a saber, detecção e tratamento precoces, medidas de intervenção psicológicas e psicoeducativas que podem reduzir o impacto negativo de consequências desastrosas para as pessoas com TDAH, suas famílias e para a sociedade. 
 

Diagnóstico interdisciplinar

 
Os critérios diagnósticos sintomatológicos conforme denominado na quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV-TR) da Associação Psiquiátrica Americana (APA) envolvem a tríade sintomática de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Assim o TDAH caracteriza-se pela composição dos 3 principais sinais cardinais como: falta de atenção, a inquietude, dificuldade de inibir emoções e comportamentos (controle inibitório) traduzidos por um aumento de comportamentos impulsivos. Embora a maioria dos indivíduos apresente sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade-impulsividade, existem alguns indivíduos nos quais há predominância de um ou outro padrão. 
O TDAH pode ser suspeitado pelos pais ou por vários profissionais incluindo professores, pedagogos e psicólogos, até o encaminhamento objetivo para o diagnóstico médico que se baseia em critérios sintomatológicos definidos, mas cuja expressão de sutilezas depende de uma avaliação interdisciplinar mais complexa.
 

Diagnosticando o TDAH

 
Diagnosticar o TDAH é uma tarefa sutil, interdisciplinar e requer experiência e maturidade. Uma vez que não existem exames complementares que por si só diagnostiquem o transtorno, o diagnóstico do TDAH apoia-se na combinação cuidadosa da observação e dos dados da história clínica e das repercussões dos sintomas comportamentais na rede relacional da criança. A avaliação do desempenho da criança em testes neuropsicológicos e medidas fisiológicas da atenção, controle inibitório, da organização e planejamento de tarefas é fundamental. Nesse sentido, são também de extrema relevância os relatos e depoimentos de familiares, professores e/ou pessoas da rede social da criança. Assim, durante a entrevista diagnóstica devem ser avaliados não só os sintomas, mas fundamentalmente a intensidade e o grau de prejuízo das funções adaptativas que tais sintomas condicionam. É essencial, através de uma anamnese sensível e atenta, delimitar o contexto familiar e educacional envolvido com os sintomas. 
A história de queixas semelhantes em familiares deve ser cuidadosamente procurada, dada a predisposição genética do transtorno. Além disso, uma anamnese adequada deve incluir aspectos ligados às mudanças no ciclo de vida da criança e da família. O levantamento dos diferentes estressores psicossociais que a criança enfrenta ou enfrentou, como conflitos conjugais, separação, exposição a violência ou doença psiquiátrica nos pais ou familiares que convivem com a criança, deve ser investigado. 
É de suma importância a delimitação da idade em que apareceram os sintomas, uma vez que, sendo uma condição neurobiológica, tem início precoce, habitualmente antes dos 6 anos de vida, mas pode ser percebido pelos pais apenas quando a criança enfrenta os desafios no convívio com outras crianças nas disfunções cognitivas e/ou comportamentais observadas no período escolar.
Os critérios diagnósticos sintomatológicos listados pelo do DSM IV-TR envolvem a tríade sintomática de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
O DSM IV classifica o TDAH em três subtipos ou fenótipos comportamentais distintos: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo e tipo combinado (APA, 1994, tabela abaixo).
 

DSM IV-TR

 
A Ou (1) ou (2)
(1) Seis ou mais dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Desatenção:
( ) frequentemente deixa de prestar atenção em detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;
( ) com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
( ) com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;
( ) com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções);
( ) com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;
( ) com frequência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa);
( ) com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais);
( ) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa;
( ) com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias;
(2) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Hiperatividade:
( ) frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
( ) frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado
( ) frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado 
( ) com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer
( ) está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”
( ) frequentemente fala em demasia
Impulsividade:
( ) frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas
( ) com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez
( ) frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete-se em conversas ou brincadeiras)
 
B. Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade.
C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por ex., na escola (ou trabalho) e em casa).
D. Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.
E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno invasivo do denvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno de humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo ou um transtorno de personalidade).
 
O critério A para o diagnóstico exige a presença de pelo menos seis entre nove sintomas de desatenção (tipo predominantemente desatento) ou pelo menos seis entre nove sintomas de hiperatividade/impulsividade (tipo predominantemente hiperativo/impulsivo). 
Aqueles que apresentam pelo menos seis sintomas nos dois grupos recebem o diagnóstico de TDAH tipo combinado. O critério B exige que alguns dos sintomas estejam presentes antes dos 7 anos de idade. O critério C exige que os prejuízos causados pelos sintomas afetem pelo menos duas áreas da vida do indivíduo, por exemplo, na escola e em casa. O critério D exige clara evidência de prejuízo significativo no funcionamento social, acadêmico ou vocacional. O critério E determina que os sintomas não possam ser mais bem-explicados por outro transtorno mental.
 

Algumas críticas ao DSM IV

 
O grupo de trabalho responsável pela elaboração dos critérios diagnósticos para o DSM IV analisou um grupo de 380 crianças com TDAH com idade entre 4 e 17 anos, e os critérios atuais são baseados nesses achados. Nenhum adulto foi incluído, não há evidência de que esses sintomas sejam os que melhor definem as crianças mais velhas com TDAH. Muitos desses sintomas são claramente inapropriados para o diagnóstico de adolescentes (correr e escalar em excesso, por exemplo). Os sintomas se transformam ao longo da vida, manifestando-se em fases posteriores de uma forma diferente.
Além de se transformarem, os sintomas também podem se reduzir em número (o que não quer dizer necessariamente que o prejuízo causado por eles diminua na mesma proporção).
A idade de início dos sintomas também tem sido alvo de críticas, já que não há nenhuma base empírica ou cientifica sólida. Embora os critérios do DSM IV tenham sido adaptados para diagnóstico de crianças mais velhas, diversas limitações permanecem. As principais razões para isso são as seguintes: efetivamente, quando estão presentes sintomas de hiperatividade/impulsividade, torna-se fácil identificá-los antes dos 7 anos de idade; mas, quando se trata do tipo desatento, é difícil imaginar que os sintomas possam ser percebidos tão precocemente, considerando que a demanda ambiental por atenção ainda é pequena nessa idade. É preciso considerar ainda que, quando a questão é o diagnóstico de crianças maiores e adolescentes, este depende muito do autorrelato, e estes geralmente apresentam grande dificuldade em recordar informações da infância precoce relativas ao curso e à natureza dos sintomas e aos prejuízos. 
Alguns autores têm proposto para o DSM-V que a idade de corte seja aumentada para os 12 anos; outros defendem a ideia de simplesmente abolir esse critério.
Em estudo recente realizado por nós no NANI (Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar – UNIFESP), com 150 crianças na faixa etária de 7 a 14 anos com queixas de agitação, dificuldades de prestar atenção e/ou impusividade que se enquadraram nos critérios de inclusão (pelo menos seis critérios estabelecidos pelo DSM IV para hiperatividade e/ou seis para desatenção com início antes dos 7 anos) foram encaminhadas para atendimento multidisciplinar, que constava de avaliação médica, neuropsicológica, psicopedagógica e familiar. Apenas 39,5% dos casos, apesar de preencherem critérios sintomatológicos de TDAH, não preenchiam critérios neuropsicológicos e clínicos mais amplos, após concluída a avaliação com um protocolo pormenorizado. Tal achado ressalta o risco de basear-se o diagnóstico de TDAH apenas em escalas comportamentais que não são totalmente precisas para a detecção dos três subtipos. 
Segundo alguns autores, as meninas são subdiagnosticadas porque têm poucos sintomas de agressividade/impulsividade, baixas taxas de transtorno de conduta e alto nível de associação com transtorno de humor e ansiedade. Desse modo, a idade do diagnóstico tende a ser mais avançada em relação aos meninos, e o tipo combinado em meninos é mais frequente em relação ao tipo desatento, sendo que nas meninas observa-se menor frequência das manifestações de agitação e impulsividade (subtipo hiperativo/impulsivo). 
Embora se acreditasse que o TDAH desapareceria após a adolescência, hoje sabe-se que cerca de 50% das crianças apresentarão sintomas persistentes na idade adulta.
 
Questionários de avaliação
 
A delimitação diagnóstica não se limita apenas aos critérios descritos, mas a uma ampla variedade de comportamentos observada em diferentes contextos, que permitirão uma observação mais flexível e dinâmica da criança com TDAH.
Assim, as escalas de avaliação são úteis para aferir sintomas de TDAH e/ou detalhar esse perfil sintomático, mas também isoladamente não são suficientes para confirmar ou refutar o diagnóstico, cujo alicerce, como referimos, deve ser entrevista e exame clínico cuidadosos. As escalas, portanto, são ferramentas auxiliares no processo diagnóstico, podendo ser usadas também para a monitoração da resposta ao tratamento. 
No tocante à avaliação escolar de crianças, há disponível em nosso meio a versão para a língua portuguesa do Brasil da Escala Conners (Conners Teacher Rating Scale), a Escala de Avaliação do Comportamento Infantil para o Professor (EACI-P) desenvolvida por Brito (2006), que avalia quatro áreas do comportamento: hiperatividade, problema de conduta, funcionamento independente/socialização positiva, inatenção, neuroticismo/ansiedade e socialização negativa.
Brito (1987) desenvolveu, ainda, normas para a população brasileira da escala abreviada a CATRS-10 – Conners Abreviated 10 – item parent-teacher rating scale – útil para como instrumento de seleção de pacientes com hiperatividade para pesquisas.
Para uso em adultos, a escala mais recomendada é a ASRS (ADHD Adult Symptoms Rating Scale), composta de 18 itens baseados nos critérios diagnósticos do DSM IV. É recomendada pela Organização Mundial de Saúde, e sua validação em português encontra-se em andamento. Recentemente foi desenvolvido um instrumento para estudos populacionais de TDAH na população adulta, o ASRS-Screener, disponibilizado em português do Brasil pela OMS. Foi elaborado selecionando-se os seis itens de maior valor preditivo, dos dezoito itens da ASRS. 
 
Fatores contextuais
 
Embora o conceito de TDAH se relacione com alterações biológicas e neuroquímicas, o diagnóstico depende de fatores contextuais que envolvem uma visão de conjunto, isto é, da interface que contém e integra substrato neurobiológico, fatores genéticos, que na sua múltipla interação condicionam as várias apresentações do transtorno nos seus diversos fenótipos comportamentais. 
O conceito atual considera que a base do TDAH é de natureza neurobiológica, genética e neuroquímica, mas que a expressão dos padrões herdados é também modulada pelo ambiente. Sabe-se hoje que o próprio ambiente modifica a expressão de padrões endógenos (endofenótipos), levando à grande heterogeneidade de apresentação clínica e diferentes influências de diferentes ambientes e estressores. Daí a variabilidade dos sintomas e a natureza multidimensional do TDAH. Nesse sentido é imprescindível um olhar amplo, interdisciplinar, que inclua as influências e variáveis ambientais, educacionais, familiares e culturais na expressão e na conceituação do transtorno. 
A verificação de fatores de risco é também fundamental, uma vez que, nos estudos epidemiológicos sobre o TDAH, variáveis sociodemográficas, como número de irmãos, idade de irmãos, idade dos pais, nível cultural familiar, transtornos psiquiátricos na família, conduta agressiva dos pais, transtorno mental materno e fatores de risco pré e perinatais, são importantes fatores predisponentes para expressão clínica do transtorno. Associação positiva entre algumas adversidades psicossociais (estilo parental agressivo e rígido, discórdia marital severa, desvantagem socioeconômica, família muito numerosa, criminalidade dos pais, psicopatologia materna com o TDAH são encontradas). 
Há uma grande importância em explorar a história psicossocial da família. O impacto de fatores psicossociais, tais como pobreza, desintegração social e eventos traumáticos, é objeto de grande interesse na delimitação da modulação ambiental de determinantes estruturais (cerebrais) ativando ou inibindo circuitos, determinando maior ou menor plasticidade ou facilitando a expressão gênica em casos suscetíveis.
Alguns autores observaram que o TDAH está associado a múltiplas mudanças familiares, baixa renda familiar, crianças que vivem em lugar superpovoado, história de doença psiquiátrica materna e famílias desestruturadas. Agentes psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na saúde emocional geral da criança, como desentendimentos familiares e presença de transtornos mentais nos pais, parecem ter participação importante no surgimento, na manutenção ou na expressão das comorbidades do transtorno.
 

Fatores neurobiológicos

 
O TDAH envolve principalmente as disfunções de regiões frontoestriatais do cérebro, bem como circuito cerebelares. Reconhecem-se quatro regiões distintas no córtex frontal que se relacionam diretamente com os sintomas neurobiológicos do TDAH. A dificuldade da atenção seletiva relaciona-se com o processamento ineficiente das informações na região do córtex do giro cíngulo anterior (Figura 1a), os sintomas da disfunção executiva se relacionam com a inabilidade de sustentar a atenção e a dificuldade de resolução de problemas relaciona-se com a região dorsolateral do córtex pré-frontal (Figura 1b), enquanto os sintomas de hiperatividade são ligados à área motora suplementar e ao córtex pré-motor. Já a impulsividade relaciona-se com a modulação de áreas orbitofrontais (Figura 1c). 
 
 
 
 

 

 

Como se observa que nem todos os pacientes tem o mesmo grau de comprometimento dessas funções, os estudos atuais sugerem que as diferentes topografias das anormalidades pré-frontais associam-se aos diferentes endofenótipos comportamentais. 
Importante ressaltar que cada uma dessas áreas do córtex pré-frontal é ligada a outras áreas cerebrais e também a áreas chamadas subcorticais, através do circuito córtico-estriatal-talâmico-cortical. 
Do ponto de vista neuropsicológico e da sintomatologia (endofenótipos sintomáticos), a disfunção das áreas do córtex pré-frontal levam a difuldades na organização, planejamento e autorregulação, bem como na manutenção de informações mentais (memória operacional). 
O córtex orbitofrontal é a parte mais envolvida no controle dos impulsos e do controle inibitório e está também intimamente relacionada com o núcleo accumbens, que é um dos mais importantes sistemas relacionados ao sistema de recompensa de neurotransmissão dopaminérgica. 
A causa da disfunção nessas várias áreas do córtex frontal ainda é incerta, mas hoje se conhece muito sobre anormalidades moleculares sutis decodificadas por genes, pela neuromodulação dopaminérgica anormal, bem como alguns genes ligados a modulação noradrenérgica. Do ponto de vista neurobiológico, o TDAH está ligado a um mecanismo inadequado de vigilância, tanto hipo como hipervigilância, associado ao sistema inibidor do comportamento. 
Crianças com TDAH têm dificuldade na ativação de áreas pré-frontais diante de tarefas cognitivas que envolvam habilidades executivas de organização e planejamento. Assim, os neurônios do córtex pré-frontal situam-se fora de sintonia, o que faz com que não se diferenciem adequadamente as informações importantes dos ruídos irrelevantes. Casos com excessiva vigilância podem também ser observados e relacionam-se à presença de sinais crônicos de estresse e maior frequência de comorbidade. Nesses casos, acredita-se que haja uma excessiva estimulação dopaminérgica e noradrenérgica associada à ansiedade, ao transtorno de humor, bem como às alterações do ciclo sono-vigília.
As estimulações desses circuitos podem também ativar excessivamente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o que induz ao estresse fisiológico, aumentando a produção de cortisol pelas glândulas suprarrenais. O aumento de cortisol pode levar tanto a atrofia cerebral como a diminuição dos mecanismos normais de criação de novos neurônios (neurogênese) de áreas importantes para a memória, como o hipocampo, e dos mecanismos neuroquímicos e neurobiológicos relacionados à plasticidade neuronal. Atualmente, acredita-se que o sistema relacionado ao estado de repouso cerebral, que envolve circuitos tanto em áreas dorso-mediais-frontais (sistema de referência do presente) quanto em áreas temporais do cérebro (sistema referência prospectivo), conhecido como sistema default, esteja envolvido na expressão sintomatológica do TDAH. O sistema default é o principal sistema de autorreferência cerebral que, embora ativo quando estamos em repouso, diminui sua atividade em situações de demanda cognitiva. Assim crianças com TDAH teriam dificuldade de inibir o sistema default durante atividades cognitivas, externamente guiadas, apresentando pensamentos intrusivos disfuncionais e autoreferentes.
 
 

Neurotransmissores

 
Os dois sistemas neuroquímicos mais importantes relacionados ao TDAH seriam o sistema de atenção anterior pré-frontal, predominantemente dopaminérgico, e o sistema de atenção posterior, predominantemente noradrenérgico, envolvido na diminuição do comportamento refletindo a base neuropsicológica do chamado TDAH, bem como estariam envolvidos na expressão dos três sintomas cardinais do transtorno: desatenção, hiperatividade e impulsividade. 
O maior ou o menor comprometimento ou hipofunção dessas vias em crianças com TDAH levariam a diferentes graus de comprometimento das funções comportamentais, caracterizadas pela alteração da motivação, processamento temporal das informações, planejamento e organização motora, que compõem a base neuropsicológica disfuncional representada por falhas das funções executivas, atencionais e falhas na inibição do comportamento.
Hoje sabe-se que a base neuroquímica da atenção relaciona-se principalmente à dopamina, neurotransmissor intimamente ligado ao controle executivo, ao domínio e à inibição do comportamento motor, à memória operacional e aos sistemas que relacionam as reações de recompensa não imediata. Nesse sentido, a dopamina determina o controle dos níveis de excitação cerebral e o preparo para a ação motora e tem sua expressão maior nas áreas pré-frontais do cérebro.
A noradrenalina é relacionada ao acoplamento aos estímulos relevantes, à modulação neurocomportamental e a mudanças fisiológicas como as relacionadas ao controle da pressão arterial e às mudanças fisiológicas da frequência cardíaca e respiratória. Parece ter um papel importante no sistema de controle da vigilância, acoplamento e desacoplamento de informações consideradas relevantes e para memória de trabalho visoespacial, dada a sua representação cerebral mais difusa e mais ampla nas áreas posteriores (associativas e visuais) do cérebro.
Outros neurotransmissores que parecem estar envolvidos no TDAH incluem a serotonina, importante para a modulação da liberação de dopamina pré-sináptica; e as chamadas neurotrofinas, que são proteínas secretadas no SNC, têm um papel na modulação da atenção e estão relacionadas a respostas de facilitação da cognição e da atenção relacionadas ao exercício físico, que é conhecidamente um dos fatores de aumento da produção desses moduladores cerebrais.
 

Fatores de risco perinatais

 
O uso de tabaco, álcool e certas medicações psicotrópicas durante a gravidez aumenta o risco de TDAH na prole. Pobre nutrição materna, estresse durante a gravidez, diabetes gestacional e exposição a metais pesados também são envolvidos como fatores predisponentes. 
Medidas de detecção precoce de gravidez de alto risco e campanhas voltadas à saúde da gestante podem ser valiosas na abordagem preventiva, isto é, podem evitar a expressão sintomatológica em pessoas predispostas geneticamente aos transtornos.
Existem várias evidências, tanto farmacológicas quanto psicossociais, de que intervenções precoces podem minimizar a evolução e a intensidade dos sintomas cardinais do TDAH, diminuindo a ocorrência das chamadas comorbidades, como o transtorno opositor desafiante (TOD). 
Intervenções parentais e psicoeducativas têm impacto positivo na modulação do sintoma durante o curso ontogenético do transtorno. No entanto, existem poucos estudos de follow-up a longo prazo, bem como pouca informação sobre o impacto das intervenções psicossociais e medicamentosas durante um período maior que 18 meses. Intervenções precoces têm a vantagem de serem realizadas em períodos de maior plasticidade cerebral e, consequentemente, períodos mais sensíveis do neurodesenvolvimento, o que potencialmente poderia prevenir as consequências negativas em períodos posteriores, tais como fracasso escolar, baixa autoestima e presença de transtornos psiquiátricos comórbidos.
Nesse sentido a identificação de crianças com risco, como pré-escolares com crises frequentes de birra ou dificuldades de adaptação aos ritmos de sono, alimentação ou mesmo filhos de pais com TDAH, são francos candidatos para intervenção precoce.
 

Intervenções primária, secundária e terciária

Programas voltados para a prevenção são aqueles que impediriam a expressão do transtorno através de medidas preventivas em mulheres com gravidez de risco. Tais medidas de saúde materno-fetal incluiriam a orientação geral contra o uso de álcool e cigarro durante a gestação e a prevenção do risco de partos prematuros.
Intervenções secundárias, por outro lado, detectam o transtorno em fases precoces, enquanto suas expressões são mais tratáveis, a progressão supostamente mais lenta e as complicações menos prováveis. Nessa categoria, inclui-se a detecção de casos no ensino infantil habitualmente antes dos 6 anos de vida, período mais comum do início do diagnóstico clínico do TDAH. 
As intervenções terciárias relacionam-se com o uso dos medicamentos psicoestimulantes, treinamento parental e terapia cognitiva-comportamental para indivíduos com o diagnóstico de TDAH já estabelecido. 
Comorbidades
O TDAH está relacionado a uma elevada taxa de comorbidade psiquiátrica, principalmente com TOD, transtorno de conduta, transtornos do humor e de ansiedade, tabagismo e abuso de substâncias, que serão discutidos nos capítulos subsequentes. O custo social do TDAH não tratado ao longo da vida é extremamente impactante, incluindo baixo aproveitamento acadêmico, problemas de conduta, subemprego, acidentes automobilísticos e problemas de relacionamento. A presença de TDAH dobra o risco para o desenvolvimento de abuso ou dependência de substâncias ao longo da vida, e ambos os transtornos influenciam-se mutuamente, o que traz implicações para o diagnóstico, o prognóstico e o tratamento de ambos.
 

Papel dos genes

 
Não há duvidas sobre a influência genética e a herdabilidade no TDAH, no qual assume um alto índice estimado de 76%.Vários marcadores genéticos, principalmente os relacionados com os receptores de dopamina e serotonina, são sugeridos, a saber: DAT1, DRD4, DRD5, 5HTT, DBH e ADRA2A.
A estabilidade dos sintomas clínicos se relaciona também com as influências genéticas. Assim, crianças que têm ao menos uma cópia do DRD4 (sete alelos repetidos) apresentam melhor evolução clínca e neuropsicológica, mais alto QI e menor índice de comorbidades que aquelas sem tal marcador. 
Alguns genes modulam inclusive as respostas das interações ambientais, como a maior sensibilidade à modulação das expressões maternas positivas ou disfuncionais.
Tais alterações resultam em mudanças inclusive da regulação da expressão da liberação de glicocorticoides e das respostas cerebrais (incluindo redução dos volumes das substâncias cinzenta e branca de várias áreas corticais) em condições de negligência, abuso ou estresse emocional. Tais alterações podem ser reversíveis através do enriquecimento ambiental, de medidas de prevenção e da intervenção psicossocial. 
Dessa forma, o surgimento e a evolução do TDAH em um indivíduo parecem depender de quais genes de susceptibilidade estão agindo e de quanto cada um deles contribui para a doença, ou seja, qual o tamanho do efeito de cada um e da interação desses genes entre si e com o ambiente. 
 

TDAH e consciência

 
Conhecer as bases neurofuncionais da atenção e suas implicações com o processo autorreferente que chamamos consciência autorreflexiva não é apenas um objetivo da neurociência, mas constitui uma base comum para a filosofia e a psicologia.
A atenção envolve aspectos intimamente relacionados com a emergência da nossa consciência, uma vez que estar atento significa, em última análise, alinhar sinais relacionados à experiência, uma orquestração do acaso que representa a ativação de múltiplas áreas sensoriais, a sincronização de ativação recorrente das várias redes neurais, que mantém uma coerência fisiológica e fenomenológica. A compreensão abrangente de como ocorre a sincronização de mapas complexos da experiência e de que maneira a experiência singular relaciona-se com o problema da qualidade irredutível da própria experiência sensorial enquanto fenômeno ao mesmo tempo singular (não compartilhado por outras consciências) e neurobiológco (ligado à espécie). Os progressos científicos e conceituais, observados através de pesquisas em pessoas com TDAH, apontam que a compreensão dos processos emergentes da mente passa necessariamente pelo caminho, mesmo que paralelo, mas essencialmente convergente, da neurobiologia do TDAH.
 

Programas sociais 

Nesse sentido o olhar interdisciplinar nos ensina que abordar de forma eficiente e pragmática pessoas com TDAH exige ações, e não apenas intenções. Tais ações incluem o acesso ao tratamento medicamentoso nas suas várias formas de apresentação à população de baixa renda e implicam atitudes sociais e de políticas públicas de gerenciamento de programas integrados. Esses programas devem envolver a detecção precoce em famílias de risco, em pré-escolares com sintomas de inquietude, birras e comportamento opositor, diagnóstico, tratamento precoce e seguimento com medidas de gestão e eficácia para ações preventivas e de capacitação de pais, professores dentro do contexto de educação continuada, da mediação competente de redes interdisciplinares com a participação da família, dos educadores, psicólogos, psicopedagogos e médicos, entre outros profissionais. Tal perspectiva é essencial para um projeto abrangente que amplie as metas, defina eficácia e medidas adequadas de prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento das crianças com TDAH. 
Projetos que garantam e gerenciem tais programas de diagnóstico, prevenção e medidas psicoeducativas e de reabilitação neuropsicológica podem atenuar a expressão do transtorno em fases críticas ou sensíveis do desenvolvimento. Nesse sentido, podem minimizar a expressão das comorbidades, possibilitando a melhora da qualidade de vida das crianças e das famílias e da sociedade, estimulando atitudes de maior compreensão, tolerância e enfrentamento positivo frente a um transtorno tão frequente e socialmente impactante como o TDAH. 
 

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