Como identificar e tratar a hiperatividade

Imagine uma criança que não pára quieta um minuto, grita, agride os colegas. Dá até medo só de pensar em uma cena como esta, constrangedora principalmente aos pais, que chegam a "morrer de vergonha". Entretanto, em vez de fugir desses episódios, os familiares devem ser informados sobre os possíveis casos de desatenção, pois este comportamento, muitas vezes insuportável, pode ter um diagnóstico: a hiperatividade. "Nem me lembro mais quantas vezes passei por situações constrangedoras com o meu filho. Chegamos até a achar que ele era surdo, pois não obedecia as ordens na escola", desabafa a funcionária pública Margarete Silva Diniz, mãe de Rodrigo, 6 anos.

Há cerca de 3 anos, Margarete colocou seu filho em uma escolinha. "Rodrigo nunca parava quieto. Decidi ir em frente, mas avisei as educadoras sobre o seu comportamento", diz. A mãe conta que o menino chorava muito, era agitado. "Como eu tenho uma filha de 14 anos, achei que o comportamento dele era típico dos meninos", lembra. No entanto, dois meses após a matrícula, Margarete recebeu uma ligação da escola. "Sabia que tinha problema, mas era difícil aceitar. Foi quando a pedagoga indicou a consulta em um especialista, pois Rodrigo era muito agitado", afirma.
A luta da funcionária pública pelo diagnóstico de seu filho foi longa. Após a indicação da pedagoga, foi a uma psicóloga e a uma fonoaudióloga. Entretanto, as especialistas indicaram uma neuropediatra, pois suspeitavam que Rodrigo precisaria de remédios. "Quando ela indicou a medicação, não aceitei e voltei à psicóloga, pois não queria dopar o meu filho, mas resolver o problema", ressalta, ao explicar que, só após a visita à outro neuropediatra, entendeu o que era a hiperatividade.

O diagnóstico de Rodrigo apontou que a hiperatividade surgiu em razão da falta de oxigênio no cérebro. "Mas os especialistas dizem que também pode ser hereditária pois, ao ver o tratamento do filho, meu marido descobriu que é hiperativo", comenta.

Hoje, aos 6 anos, Rodrigo continua o tratamento. "Nós, família, especialistas e professores conquistamos grandes avanços. Ele já tem mais facilidade de aprendizado, está mais calmo", avalia.

O papel da escola

Os professores são fundamentais na descoberta dos transtornos de déficit de atenção. "Cabe à escola oferecer orientação à identificação da hiperatividade. Em contrapartida, os pais também devem estar informados", afirma o neuropediatra Mauro Muszkat, coordenador do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo (Nani/Unifesp).

Os especialistas ressaltam que a avaliação deve ser multidisciplinar, pois cada caso tem sua particularidade e explicam que os sintomas do transtorno de déficit de atenção são casos que as pessoas não conseguem ficar estáticas e, geralmente, têm problemas de concentração. "Já a hiperatividade é mais grave, às vezes não é tratada apenas com terapia, mas exige medicação", esclarece Claudia Feldman, psicopedagoga do Kadima Núcleo de Desenvolvimento Integrado.

Atendimento gratuito

O neuropediatra Mauro Muszkat, coordenador do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo (Nani/Unifesp), explica que o tratamento da hiperatividade não tem prazo determinado, mas quanto mais cedo é diagnosticada, os resultados são melhores e positivos.

Para suprir a demanda do diagnóstico precoce e informar pais e educadores sobre os sintomas, ou obter tratamento gratuito para os transtornos de déficit de atenção, o neuropediatra ressalta que o Nani está de portas abertas. Para entrar em contato com os especialistas do núcleo, é só enviar um e-mail para: [email protected].

Principais sintomas da hiperatividade

- Lentidão na cópia e na execução dos deveres;
- Erros por desatenção nas contas de matemática ou acentuação e pontuação,
entre outros;
- Vivem rasurando ou apagando o que escrevem;
- Não prestam atenção a detalhes, o que pode atrapalhar bastante seu desempenho nas provas;
- É comum não lerem os enunciados das perguntas, tendendo a responder diferente do que realmente o professor está pedindo;
- Esquecem as coisas do dia-a-dia, como agenda, estojo, recados dos professores e datas de provas;
- As dificuldades se acentuam quando aumenta a quantidade de material didático complexo e a necessidade de memorização e de uma maior atenção a detalhes;
- Não se adaptam facilmente ao sistema educacional tradicional e são advertidos constantemente, recebem notas baixas, mesmo quando se esforçaram.

Fonte: Agência Estado - Por Maria Rehder | Claudia Feldman/ Psicopedagoga

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